"Precisamos de serviços financeiros, não de bancos" Bill Gates, 1997
As Fintechs são destaque no Brasil e no mundo. Não tem melhor ou pior, Fintechs e Bancos Tradicionais são apenas diferentes em sua abordagem. Apesar de disputarem o mesmo mercado, cada um será mais adequado para um tipo de cliente, de acordo com o formato e custo dos serviços que prestam. Afinal, o que são Fintechs?
Já temos 67 Fintechs unicórnio no mundo, cujo valor estimado supera USD252 bilhões enquanto o Brasil hospeda pelo menos 3 destes unicórnios (NOTA 1). As Fintechs se multiplicam rapidamente, com cada vez menos barreiras à entrada. No Brasil, o número de Fintechs supera 700 em 2021 (Fonte: Distrito), comparado com apenas 80 Fintechs em 2015 (Fonte: FintechLab e Clay Innovation).
O número de Fintechs no mercado deve aumentar antes de diminuir. Como bem colocado pelo Eduardo Salomão Neto e Pedro Campos Ferraz, as novas oportunidades para Fintechs promete intensificar ainda mais o nascimento de Fintechs e a competição na oferta de serviços financeiros.
"E em 2020 outra fintech foi oferecida pela regulamentação, as iniciadoras de transações de pagamento, criadas, não por acaso, em conjunto com as regras do sistema bancário aberto (open banking)." (FONTE 1)
As Fintechs se apoiam predominantemente em tecnologia para oferecer serviços e produtos financeiros diretamente para o consumidor, desintermediando o banco. Seu DNA é digital, apoiado em análise de informações não estruturadas, a combinação com informações disponíveis publicamente (como nas redes sociais) em adição àquelas voluntariadas pelos consumidores, uso de inteligência artificial e machine learning, e grandemente apoiado em APIs.
O modelo de negócios dos Bancos Tradicionais é baseado no relacionamento bancário (diferente do modelo de negócios das Fintechs que tenta construir o relacionamento). Naturalmente, os Bancos Tradicionais fazem uso de tecnologia e muitas das ferramentas disponíveis para as Fintechs, mas o aplicativo dos Bancos Tradicionais não os fazem bancos digitais. O simples fato de todos eles terem que passar por uma transformação digital, já os desclassificam como Fintechs (que já nascem digitais).
Não está nada fácil ser um banco tradicional no Brasil hoje em dia (NOTA 2)
A ilustração "unbundling of a European Bank" da CBInsights resume bem a relação entre os Bancos Tradicionais e as Fintechs: há uma legião de pequenos e ágeis atacando os Bancos Tradicionais por todos os lados, de uma forma mais conveniente para os consumidores, sem o custo e arrasto do grande conglomerado.
As Fintechs se especializam em oferecer produtos e serviços financeiros. Os produtos e serviços básicos são Conta Pagamento, Empréstimo pessoal e Cartão de Crédito. Muitos avançam para produtos óbvios como cross-sell (seguros, aposentadoria, etc) e investimentos. Por fim, temos aqueles produtos e serviços que são mais desafiadores para se justificar em um plano de negócios como assessoria financeira, varejo, programas de fidelidade e criptomoeda (e derivados da tecnologia block chain).
Há de se olhar além do consumidor final. Diversas Fintechs operam no ecossistema, provendo soluções de backoffice, compliance, e serviços digitais financeiros. O setor também é atendido por muitas empresas de tecnologia, viabilizadoras das Fintechs.
As Fintechs se especializam para prover individualmente diversos serviços financeiros desafiando a homogeneidade dos Bancos Tradicionais. Resta a dúvida sobre a viabilidade dos planos de negócios e onde está o ponto de equilíbrio: mais para os Bancos Tradicionais (que cobram demais) ou para as Fintechs (que cobram de menos). Por enquanto, quem ganha mesmo é o consumidor.
Para ajudar a entender:
FONTE 1: BigTechs no Mercado Financeiro - As Operações de Concentração Empresarial Defensiva, 05/Mai/2021
NOTA 1: A CBInsights apresenta 3 unicórnios brasileiros no State of Fintech Q1'21 Report: Investment & Sectors Trends to Watch: Nubank, Ebanx e Quinto Andar. Eu acho que temos mais.
NOTA 2: leia também meu primeiro artigo "Bancos Tradicionais vs. Fintechs - quem vencerá?"
José Securato Jr. é CFO do digio, trabalha em investment banking, fusões & aquisições, valuation e capital raising desde 1998 e fundou a Saint Paul Advisors em 2013.
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